sexta-feira, 4 de março de 2011

Utilização frequente do narguilé por jovens preocupa profissionais da área de saúde

Pneumologista alerta que a fumaça inalada em uma sessão de narguilé corresponde à inalação de 100 a 200 cigarros.

A Secretaria de Estado da Saúde realizou pesquisa entre jovens paulistanos para verificar quantos são adeptos do narguilé, fumo de origem oriental. De acordo com o estudo, 37% dos entrevistados, com idade média de 25 anos, declararam ser usuários de narguilé. Conforme o pneumologista Jair Vergílio Júnior, a falsa ideia de segurança ou de que é inócuo tem aumentado o uso do fumo, mas os prejuízos causados à saúde são bem maiores pela alta concentração de substâncias que chegam ao contato com a mucosa da boca e pulmão, entre outros órgãos.

O estudo da Secretaria de Estado da Saúde, realizado no decorrer de 2010 com entrevistas de 932 fumantes, constatou ainda que 96% dos consumidores de narguilé também são adeptos do cigarro de cravo. O estudo revela que metade dos entrevistados apresentou níveis preocupantes da presença de carbono no ar expirado, sendo uma média de 2,3 vezes a mais do que o máximo aceitável.

O narguilé é um cachimbo de água utilizado para fumar em que o princípio do funcionamento é o fato de a fumaça passar pela água antes de chegar ao fumante. É tradicionalmente utilizado em países do Norte da África, Oriente Médio e Sul da Ásia. Mas o pneumologista alerta que estudos apontam que há fatores de risco.

“Geralmente 50 tragadas são suficientes para viciar, devido à nicotina, que causa a sensação de bem-estar. E estudos têm contrariado a crença de que a água ajudaria a filtrar as impurezas do fumo, tornado-o menos nocivo que o cigarro. De uma forma geral, como a fumaça do narguilé, em uma única sessão, dura de 20 minutos a uma hora, isso corresponde à inalação de 100 a 200 cigarros”, pontua o médico.

Vergílio Jr. observa ainda que, pelo fato da fumaça ser melhor tolerada pela umidade causada pela água, faz com que o volume aspirado seja bem maior, e com ele uma quantidade também superior de toxinas. Dessa forma, o narguilé se torna um grande fator de risco às doenças do tabaco, como o câncer de pulmão, doenças cardiovasculares e doenças infecciosas, como a tuberculose, hepatite, herpes e diversas outras.

“É preciso lembrar que muitos jovens acabam ainda trocando a água do narguilé por bebida alcoólica e utilizando maconha ou crack adicionados ou no lugar do tabaco”, alerta novamente.

Há outra observação feita pelo pneumologista refere-se ao cigarro de cravo. Ele aponta que esse tipo de cigarro não é uma opção mais natural, como algumas pessoas possam pensar, e sim uma estratégia de marketing da indústria do tabaco visando ampliar o mercado.

“Os constituintes do cravo também são tóxicos e sua toxina aumenta 1.500 vezes quando esses componentes são inalados, e a sensação de frescor permite a inalação de quantidades maiores de fumaça. E já existem estudos mostrando maior incidência de câncer nesses usuários. O cigarro de cravo, embora ilegal nos EUA, pode ser encontrado livremente nos estabelecimentos comerciais do Brasil”, observa.

O médico afirma que o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe a venda de qualquer produto do tabaco para adolescentes.


Jornal A Cidade

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Por dentro das organizações.

Cerca de 57% dos acidentes de trabalho que ocorrem no Brasil estão ligados ao consumo de drogas, principalmente álcool, segundo especialistas que participam em São Paulo do 37º Simpósio Internacional sobre a Prevenção e o Tratamento de Alcoolismo e o 20º Simpósio Internacional sobre a Prevenção e Tratamento da Drogadependência. Mas o País apresenta também um dos maiores índices mundiais de recuperação - 60% a 80% - de trabalhadores alcoólatras em terapia de grupo desenvolvido dentro das próprias empresas.

Mais de 150 especialistas estão reunidos nos eventos promovidos pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos de Alcoolismo e Farmacodependências do Hospital das Clínicas (Grea) e pelo International Council on Alcohol and Addictions (Icaa), da Suíça. Os encontros foram abertos ontem (1) e prosseguem até sexta-feira, no Maksoud Plaza.

De acordo com o coordenador do Grea e presidente da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas (Abead), Arthur Guerra de Andrade, o número de pessoas que apresentam problemas físicos e psíquicos causados pelo álcool aumentou em 50% nos últimos 10 anos.

A principal causa deste crescimento é a crise econômica. Hoje 22,5 milhões de pessoas tomam bebidas alcoólicas com freqüência. "A falta de dinheiro provoca problemas de ordem social e psicológica", disse Guerra Andrade, que também faz parte do Conselho Federal de Entorpecentes (Confen).

Entre os jovens de 12 e 16 anos, 90% experimentam álcool pelo menos uma vez. Quanto às drogas, o consumo atinge de 6% a 8% da população. "O perfil do Brasil mudou nos últimos anos", salientou o coordenador do Grea. "De rota de tráfico, o País passou a ser também consumidor e produtor".

A experiência brasileira na recuperação de trabalhadores alcoólatras está entusiasmando os americanos e europeus, disse, John E. Burns. Segundo ele, a estrutura funcional adotada pelas empresas no Brasil possibilitam um trabalho de terapia de grupo com resultados muito positivos.

Fonte: Catho